Quando eu tinha 18 anos, ou seja, há 40
anos sonhava em ser um cantor profissional. Então comprei meu primeiro violão,
um Di Giorgio, pois de alguma forma lembrava o nome do meu pai o Sr. Jorge. Entrei
na escola de um violonista que ensinava por cifras, já que achava e ainda acho
partitura uma coisa muito complicada. Na medida em que me apaixonava pela
música, me aprofundava num mundo de acordes e ritmos da música mineira, até que
entrei no Conservatório de Música de Belo Horizonte.
Havia um rigor naquela velha escola de
artistas que revelou grandes músicos, o tesouro cultural de Minas. Meio
caipira, de fala roceira, timidez de bicho preguiça, encontrei toda sorte de
dificuldades naquele alfabeto musical de símbolos estranhos e confusos. Tropeçava
no compasso, quando deslizava na velocidade ou altura das notas. Um dia a
exclusão foi anunciada, num ditado de piano. A Clave de Sol se misturou com a
Clave de Fa. Semínima nota musical cuja duração é de 1/4 de uma semibreve ou
metade de uma mínima, se confundindo com uma semicolcheia, que tem metade do
valor de tempo de uma colcheia ou a décima sexta parte de uma semibreve. Complexo
os tempos diferentes quase imperceptíveis para serem escritos numa partitura a
partir da execução num piano. Isso se chama ditado musical, nunca mais pegaria
numa partitura, voltei para as cifras e até hoje não as abandonei. Sempre tenho
um violão em casa, às vezes com as cordas arrebentadas, ou afinado no canto da
sala pedindo para ser tocado. O violão em pé ao lado da minha cama troquei com meu
filho Henrique Vieira, por um computador há mais de 10 anos.
Henrique foi estudar cinema no Sul do Brasil,
mas resolveu trancar seu curso numa Universidade Federal gaúcha, para voltar ao
trabalho num cruzeiro como barmen ou garçom. Desde criança Henrique sempre
trabalhou para comprar suas coisas, assim eu aprendi com meu pai e passei ao
Henrique. Leonardo Vieira, meu terceiro filho, chegou no tempo do Estatuto da
Criança e do Adolescente que criminalizou o trabalho infantil. Ainda bem, o Leo
é um rapaz estudioso, inteligente e interativo, um político nato. Mas, estava
falando do Henrique, mencionei o Leo devido ao apelido Eicky ou Icky que ele
pronunciava quando aprendeu a falar suas primeiras palavras. Papai, mamãe,
Eicky foram suas três primeiras palavras, não necessariamente nessa ordem.
Eu tinha um singelo sonho queria ser cantor
profissional. O Eicky é menos modesto, deseja ser um cantor internacional.
Nossos sonhos antes de ter uma simetria tem uma linha de continuidade
melhorada. Um sonho que passou de pai para filho, uma espécie de transferência
de missão. Eicky tem as condições ideais e a materialidade certeira para realizar
esse sonho que um dia foi meu. Hoje se transformou no nosso sonho. Um sonho que
se sonha a dois começa a virar realidade. Espero em breve, em conformidade com
a vontade de Deus na vida do meu filho, ser convidado para a primeira fileira
de cadeiras de um show que Eicky há de se promover, com este nome artístico, ou
outro conceito que passa na cabeça do meu filho no Atlântico Norte. O certo é que preciso dessa gente amiga que me segue nas redes sociais na tarefa de promover o Eicky Vieira. A juventude é uma chama tão breve, qual fumegante vela que a gente queima e nunca mais a recompõe. Muitos jovens capixabas se entregam ao fracasso das drogas, na pulsão de morte que absorvem suas almas. Meu filho graças ao senhor bom Deus se entregou ao trabalho cansativo de um cruzeiro. Com seu bom humor e talento ajuda a promover momentos de lazer e entretenimento ao público cada vez mais exigente que ele atende todos os dias. Se vale a pena tanto sacrifício na realização de um sonho, digo que tudo vale a pena quando a missão não é pequena. Ajude a promover esse vídeo no topo da matéria.