segunda-feira, 1 de junho de 2020

GEORGE FLOYD E O SENTIMENTO NAZIFASCISTA NOS EUA E BRASIL


Minneapolis é um dos dois centros de uma região metropolitana que possui 2.968.805 habitantes, a outra sendo St. Paul, capital de Minnesota. Juntas, são conhecidas como Twin cities (cidades gêmeas). Localiza-se no leste do Estado, às margens do Rio Mississippi. Nessa cidade, de um dos estados dos EUA, aconteceu um crime violento de racismo, que está no epicentro das manifestações raciais no país mais poderoso do mundo. Um país que deseja ser modelo moral para o mundo, onde o preconceito racial é muito forte forjado num social histórico secular. Uma percepção social primitiva no olhar dos direitos humanos na dignidade da pessoa humana.
George Floyd, ao exemplo de muitos outros negros ilustres, que foram sacrificados, martirizados por quem deveria os defender da violência e do preconceito que sofrem todos os dias. Lutar contra o racismo é o princípio da grande luta contra os “ismos” que tanto prejudicaram o desenvolvimento humano. O Comunismo matou milhões de pessoas, o nazismo e o fascismo também mataram milhões de pessoas. O Estado na figura dos seus representantes não deveria ter esse potencia de intervenção na vida privada ao ponto de matar uma pessoa. Todos nós temos direito à defesa quando cometemos crimes, mas George não cometeu crime algum, além do fato de ser negro, o que fez dele um suspeito. Nas cadeias brasileiras existe uma maioria de indivíduos negros e pobres que cometeram algum tipo de crime, mas muitos estão presos por não terem acesso à justiça. Quando a gente viu o STF soltando políticos corruptos, criminosos ricos e famosos ficou um sentimento de indignação. Mas ninguém fica indignado por presos que já cumpriram a pena e continuam presos por falta de um advogado para apressar o alvará de soltura. As duas decisões favoráveis obtidas pelo banqueiro Daniel Dantas em menos de 48 horas junto à mais alta corte do Brasil contrastam com a realidade do sistema carcerário no país. Estima-se que até 9.000 pessoas estejam atrás das grades apesar de já terem cumprido pena condenatória. No Rio se gasta R$ 67 milhões por ano com presos que já poderiam estar soltos. Uma vez que a maioria dos detentos são negros, podemos concluir que o Estado do Rio de Janeiro tem um governo nazifascista, que pune os negros além do que a justiça definiu como pena. O que aconteceu com George Floyd serviu como alerta para o Brasil. Em nome do Estado, um Ministro do STF manda a Polícia Federal constranger pessoas contrárias à corrupção estampada na conduta de alguns Ministros do STF, isso também é fascismo. Aqui a polícia mata negros, mas esses crimes não ganham destaque na mídia, ao exemplo do que acabou de acontecer nos EUA.
A sociedade brasileira precisa trabalhar uma percepção social inclusiva dos negros, para além das cotas e dos discursos racistas. A Cota acaba sendo um mecanismo perverso que está dizendo sempre ao negro: “você foi incluído pois sentimos pena da sua incapacidade e lhe demos essa colher de chá”. Nós precisamos dar chances reais aos negros desde a gestação, passando por boas pré-escolas, ensino fundamental e médio de qualidade. Sem uma boa alimentação não dá para igualar as crianças negras e brancas. Em condições iguais, negros e brancos terão o mesmo desempenho, sem precisar das contas humilhantes, que geram mais racismo e não contribuem em nada ao desenvolvimento humano.
Lutar contra o racismo não passa pela defesa intransigente das cotas, como sempre fez o meu amigo da Esquerda Gustavo Forde. Passa sim pelo seu exemplo de vida, um negro que estudou e passou num concurso como servidor da UFES e continua estudando, hoje tem doutorado, livro escrito e se tornou professor universitário. Esse é o exemplo do negro de sucesso, que devemos ter em mente. Educação de qualidade, saúde e segurança precisa ser uma realidade nos morros de vitória e nas favelas distribuídas nas grandes cidades capixabas. Dessa forma podemos incluir o negro em iguais condições no mercado de trabalho e nas universidades, sem precisar de estabelecer uma cota. Caso contrário podemos correr o risco de uma interpretação que limite a ocupação dos negros ao tamanho de uma cota pré-estabelecida. Não dá para lutar contra o racismo ignorando a inclusão do negro como pauta prioritária.