Minneapolis
é um dos dois centros de uma região metropolitana que possui 2.968.805
habitantes, a outra sendo St. Paul, capital de Minnesota. Juntas, são
conhecidas como Twin cities (cidades gêmeas). Localiza-se no leste do Estado,
às margens do Rio Mississippi. Nessa cidade, de um dos estados dos EUA,
aconteceu um crime violento de racismo, que está no epicentro das manifestações
raciais no país mais poderoso do mundo. Um país que deseja ser modelo moral
para o mundo, onde o preconceito racial é muito forte forjado num social
histórico secular. Uma percepção social primitiva no olhar dos direitos humanos
na dignidade da pessoa humana.
George
Floyd, ao exemplo de muitos outros negros ilustres, que foram sacrificados,
martirizados por quem deveria os defender da violência e do preconceito que
sofrem todos os dias. Lutar contra o racismo é o princípio da grande luta contra
os “ismos” que tanto prejudicaram o desenvolvimento humano. O Comunismo matou milhões
de pessoas, o nazismo e o fascismo também mataram milhões de pessoas. O Estado
na figura dos seus representantes não deveria ter esse potencia de intervenção
na vida privada ao ponto de matar uma pessoa. Todos nós temos direito à defesa
quando cometemos crimes, mas George não cometeu crime algum, além do fato de
ser negro, o que fez dele um suspeito. Nas cadeias brasileiras existe uma
maioria de indivíduos negros e pobres que cometeram algum tipo de crime, mas
muitos estão presos por não terem acesso à justiça. Quando a gente viu o STF
soltando políticos corruptos, criminosos ricos e famosos ficou um sentimento de
indignação. Mas ninguém fica indignado por presos que já cumpriram a pena e
continuam presos por falta de um advogado para apressar o alvará de soltura. As
duas decisões favoráveis obtidas pelo banqueiro Daniel Dantas em menos de 48
horas junto à mais alta corte do Brasil contrastam com a realidade do sistema
carcerário no país. Estima-se que até 9.000 pessoas estejam atrás das grades
apesar de já terem cumprido pena condenatória. No Rio se gasta R$ 67 milhões
por ano com presos que já poderiam estar soltos. Uma vez que a maioria dos
detentos são negros, podemos concluir que o Estado do Rio de Janeiro tem um
governo nazifascista, que pune os negros além do que a justiça definiu como
pena. O que aconteceu com George Floyd serviu como alerta para o Brasil. Em
nome do Estado, um Ministro do STF manda a Polícia Federal constranger pessoas
contrárias à corrupção estampada na conduta de alguns Ministros do STF, isso também
é fascismo. Aqui a polícia mata negros, mas esses crimes não ganham destaque na
mídia, ao exemplo do que acabou de acontecer nos EUA.
A
sociedade brasileira precisa trabalhar uma percepção social inclusiva dos
negros, para além das cotas e dos discursos racistas. A Cota acaba sendo um
mecanismo perverso que está dizendo sempre ao negro: “você foi incluído pois
sentimos pena da sua incapacidade e lhe demos essa colher de chá”. Nós
precisamos dar chances reais aos negros desde a gestação, passando por boas pré-escolas,
ensino fundamental e médio de qualidade. Sem uma boa alimentação não dá para
igualar as crianças negras e brancas. Em condições iguais, negros e brancos
terão o mesmo desempenho, sem precisar das contas humilhantes, que geram mais racismo
e não contribuem em nada ao desenvolvimento humano.
Lutar
contra o racismo não passa pela defesa intransigente das cotas, como sempre fez
o meu amigo da Esquerda Gustavo Forde. Passa sim pelo seu exemplo de vida, um
negro que estudou e passou num concurso como servidor da UFES e continua
estudando, hoje tem doutorado, livro escrito e se tornou professor
universitário. Esse é o exemplo do negro de sucesso, que devemos ter em mente. Educação
de qualidade, saúde e segurança precisa ser uma realidade nos morros de vitória
e nas favelas distribuídas nas grandes cidades capixabas. Dessa forma podemos
incluir o negro em iguais condições no mercado de trabalho e nas universidades,
sem precisar de estabelecer uma cota. Caso contrário podemos correr o risco de uma
interpretação que limite a ocupação dos negros ao tamanho de uma cota pré-estabelecida.
Não dá para lutar contra o racismo ignorando a inclusão do negro como pauta
prioritária.